Category Archives: Aprendizagem
Continuação do conto “O Mendigo Português” (III)
Continuação do conto “O quarto de Brooklyn” – O MENDIGO PORTUGUÊS

O meu nome é Manuel das Flores. Nasci na Fajãzinha.
Não conheci nem pai, nem mãe. Madrinha, Nossa Senhora dos Remédios. Pagou os meus poucos estudos o Pároco de Mosteiro, Pe José Baldaya. Também me pagou a passagem no barco a vapor, que os de vela eram caixões que o mar fretava à miséria dos Açores. Deu-me o enxoval para eu poder partir. Disse-me que todo essa despesa era um legado que tinha recebido anos antes de um americano do Faial,Samuel W. Dabney. Essa quantia destinava-se a ser empregue a melhorar a vida de quem o merecesse. O Pe Baldaya decidira que essa vida era a minha.
Corria o ano de 1918 quando partimos. Vim toda a tormentosa viagem sem medo. Um companheiro mais velho disse-me que as linhas de ferro sobre as quais o barco atravessava o oceano corriam debaixo de água, as rodas deste assentavam sobre carris, como as dos comboios e, por isso, o barco nunca perdia o rumo. O barco era o Bona Fide. Confiante nesta segurança, nunca desesperei,nem nos momentos das vagas mais bravias, como aconteceu a muitos dos meus irmãos de aventura.
Partir era preciso, pois na Ilha a maior dádiva era a fome.
À chegada, Ellis Island, com Manhattan ali tão perto, era uma enorme confusão de gentes de todos os credos e raças, uma babilónia onde nós, os que tínhamos viajado em terceira, tínhamos medo de não recebermos a autorização para ficar na terra do mel e dos figos. Viemos, pois, na aventurosa viagem, António Mendes e eu. Ambos da mesma ilha, ambos afilhados do carinho do Pe Baldaya. Ambos tímidos, cosidos dentro da roupa, mais se poderia dizer que ambos vivíamos embiocados sem termos ainda palavras para nos abrirmos. No barco a comida nem era má, ninguém nos tratava pior do que na Ilha, para além de umas piadas que as mais das vezes nem percebíamos. As piadas morriam ali dentro do gigantesco mar que olhávamos com respeito, quando vínhamos cá acima, espreitar a noite e respirar o ar salgado.
As autoridades deram-nos entrada. O torvelinho, a confusão, o medo e a alegria eram uma tal mistura, que abraçados um ao outro nem sabíamos se ríamos se chorávamos. Fomos buscar as malas onde tínhamos os nossos pertences. Alugamos uma carroça puxada por uma mula e confiamos na sorte. Ao carroceiro mostramos a bandeira de Portugal. Alguém nos tinha dito que, habituados a estas lides, os carroceiros sabiam onde levar os recém-chegados aos locais onde sabiam haver nativos do mesmo país. Foi assim que chegamos a Sheepshead Bay. Aí vi pela primeira vez a mulher da minha vida. Alta, magra, loura como eu nunca mulher alguma tinha visto. Os olhos azuis, uma porcelana riquíssima.
Vi-a de relance. Ela atravessava a rua. As obras e um sem fim de entraves obrigavam-na a manter a atenção no chão que pisava. Com uma mãe segurava a saia do vestido, cuidando de não sujar a bainha. Depois, encontramos os primeiros conterrâneos. Ajudaram-nos. Um quarto pobre. Comida. Começamos a procurar trabalho. Éramos ambos novos, magros, mas fortes, entramos na construção dos prédios, altos e escuros como as penedias da nossa ilha. Uma manhã, vinha eu do médico onde fora fazer um curativo a um dedo ferido, entrei no Automat para beber um café e comer um pão. Sentada no balcão, estava a mesma belíssima e intimidante mulher que vislumbrara em Sheepshead Bay. Paralisaram-se-me o gesto e a voz. Já nem sabia como pedir a bebida. Comecei a sonhar que poderia vir a ser minha esposa.
Naturalmente, ela voltou-se para mim e sorriu discretamente.
_ Claire, Claire Vaughan. I am irish.
Eu já conseguia articular algumas palavras inglesas. Respondi:
_Manuel. I am from Açores.
_ So we both are islanders_sorriu ela.
Encabulado, feliz, encantado, eu.
Foi quando começamos a conversar fazendo eu esforços para tudo entender. Ela estava à procura de trabalho. Consegui fazer-lhe perceber que precisavam de cozinheira num albergue de apoio aos emigrantes. Obra criada por irmãs irlandesas vindas de uma cidade chamada Dublin. Dei-lhe a morada, escrita num guardanapo de papel. Contei que estava a viver com um amigo. Ela disse-me:
_ Vou lá amanhã mesmo. Venha lá procurar-me. Pode ser que o trabalho seja para mim!E quanto ao seu amigo, traga-o consigo.
À noite contei ao António o meu encontro com Claire Vaughan. Sentia-me entusiasmado, feliz como nunca me sentira em toda a minha vida. Ao António eu não falei dos meus sentimentos por esta mulher. Não que tivesse medo que ele risse de mim, mas porque a minha timidez de homem que nunca cortejara mulher nenhuma, me fazia apertar o coração de angústia. E nesse fim de semana lá fomos os dois à cantina das Sisters of St. Claire. Entramos e a maravilhosa irlandesa estava a enxugar as mãos ao comprido avental e olhava em volta com ar atento e solícito. As mesas estavam postas e muito limpas. Ela levantou a cabeça na nossa direção, como que atraída pelas nossas silhuetas. O António parou. Parecia aturdido. Murmurou para mim palavras indistintas e já ela se aproximava de nós.
_Este é o seu amigo? Bem vindo!
Vi-os olharem-se. Vi, num só relance, que aquela mulher vulcânica estava a prender-se tempestuosa e serenamente nas vagas da vida do meu amigo. Quando eles foram viver juntos, afastei-me. Uma coisa era vê-los felizes. Outra era o sofrimento dentro de mim.
Autora: Beatriz Lamas Oliveira
Beatriz Lamas Oliveira – nasceu em Braga e licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina de Lisboa. Desenha, pinta e escreve desde a adolescência. O trabalho como médica nunca impediu outras atividades que lhe são essenciais para se sentir útil, viva e em estreita relação com a Natureza. O seu primeiro romance, “O Inseto Imperfeito”, foi publicado em 1999. Desde os anos 80 até à presente data fez várias exposições de pintura, usando diferentes técnicas e materiais.
Em outubro de 2014 esteve no nosso agrupamento a apresentar aos aluno do 3.º e 4.º ano do nosso Agrupamento o seu 1.º livro da coleção Vida Selvagem: “O mocho sábio”.
Em abril de 2016, visitou-nos para apresentar aos alunos do 8.º ano da Escola Secundária o seu 2.º livro da coleção Vida Selvagem: “O Clube das Efes”.
Em fevereiro de 2017, apresentou aos alunos do 3.º e 4.º anos da Escola Básica de Pias o seu 3.º livro da coleção Vida Selvagem: “A Raposa Sebastiana”.
Museu de Geologia vai à Biblioteca (semana XIII) – Carbeto de silício
Esta semana o Museu de Geologia trouxe à nossa biblioteca da Escola Secundária uma amostra geológica de Carbeto de Silício.
O Carbeto de Silício (SiC, também chamado carborundum) é um composto químico de silício e carbono. É mais familiar como um composto sintético largamente usado como abrasivo, mas ocorre também na natureza na forma do mineral muito raro chamado moissanite. Grãos de carbeto de silício podem ser agregados por sinterização, formando uma cerâmica muito dura…
(…) O carbeto de silício é utilizado como uma fonte de silício e carbono em ligas ferrosas com baixos níveis de impurezas quando comparado a outras fontes de silício e carbono…
Museu de Geologia vai à Biblioteca (semana XII) – pirite em quartzo
Pirite, também pirite de ferro ou pirita de ferro é um dissulfeto de ferro, FeS2. Tem os cristais isométricos que aparecem geralmente como cubos, mas também frequentemente como octaedros ou piritoedros (dodecaedros com faces pentagonais). Tem uma fratura ligeiramente desigual e conchoidal, uma dureza de 6-6.5 na escala de Mohs, e uma densidade de 4,95 a 5,10…
Lírica de Camões revisitada pelo 10.ºH
Dia Internacional do Livro Infantil | 2019
No dia 2 de abril comemora-se em todo o mundo o nascimento de Hans Christian Andersen. A partir de 1967, este dia passou a ser designado por Dia Internacional do Livro Infantil, chamando-se a atenção para a importância da leitura e para o papel fundamental dos livros para a infância.
Para assinalar o Dia Internacional do Livro Infantil 2019, a DGLAB convidou a ilustradora Abigail Ascenso, vencedora de uma Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração do ano (…)
Ler mais aqui »»»»»»
Cancelamento da vinda do autor de “Vitinho”!
Lamentamos informar o CANCELAMENTO do encontro com o escritor José Maria Pimentel, no dia 5 de abril – Dia do Agrupamento, na Biblioteca da Escola Secundária, por falta das condições necessárias para a realização das habituais sessões.

A Equipa da Biblioteca Escolar combinará a sua vinda às Escolas Básicas do 1.º ciclo e/ou Jardins de Infância interessados do Agrupamento de Escolas de Lousada no início do mês de maio.
Museu de Geologia vai à Biblioteca (semana XI) – quartzo ametista
O quartzo é o segundo mineral mais abundante da Terra (aproximadamente 12 % vol.), perdendo apenas para o grupo de feldspatos. Possui estrutura cristalina trigonal composta por tetraedros de sílica (dióxido de silício, SiO2),[2] onde cada oxigênio fica dividido entre dois tetraedros…
Ver +aqui sobre a mostra da semana: Quartzo ametista.
Agrupamento comemora “Dia Mundial da Poesia”
Para assinalar o Dia Mundial da Poesia, ontem, os alunos do nosso agrupamento participaram no “III Concurso de Leitura de Poesia da RBL – Rede de Bibliotecas de Lousada”.
O evento aconteceu ontem, dia 21 de março, pelas 14:30 horas, na Biblioteca Municipal, em que participaram alunos de todos os níveis de ensino de todas as escolas do Concelho de Lousada. Para a semana, o Júri revelará os resultados do concurso.
Os nossos alunos (do 3.º ao 12.ºano) tiveram uma participação extraordinária!!!
Parabéns a todos!
ALUNOS APURADOS PARA O III CONCURSO DE LEITURA DE POESIA DA RBL
Estes são os alunos do Agrupamento de Escolas de Lousada apurados para a FINAL do III Concurso de Leitura de Poesia da RBL, a realizar no dia 21 de março (Dia Mundial da Poesia), na Biblioteca Municipal, pelas 14.30 horas:
3º ano: Joana Rita Melo Tomás, da EB1 de Boavista, Silvares
4º ano: João Miguel Marques Silva, da EB1 de Cristelos
5º ano: Matilde Moreira Martins, 5º D
6º ano: Sofia do Carmo C. L. Costa, 6º D
7.º ano: Duarte Rocha, 7.ºA
8.º ano: Luís Coutinho, 8.ºA
9.º ano: Cristina Silva, 9.ºG
10.º ano: Inês Araújo, 10.ºH
11.º ano: Vanessa Rafaela Pacheco, 11.ºCM
12.º ano: Alice Vieira, 12.ºH
PARABÉNS A TODOS OS PARTICIPANTES!!!!!!





